PENSAMENTOS

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Os dias



A vida passa-me ao lado como o vento. É uma aragem vazia que arrepia-me a pele. O sol entra-me nos olhos, passa pelo sangue e queima-me o coração.

Os dias são azuis. São iguais. Correm devagar entre os dedos e deixam marcas no meu rosto. Trazem o silêncio do deserto. Pousam quentes nas horas. Paira no ar as areias que assobiam ao tempo. Criam um muro miúdo que deixa passar os dias.

São sempre iguais. Quentes de calor, arrepiantes em sensaboria. Correm cansados, os dias. Molengões arrastam a noite.

Escura, empurra as estrelas. Rebola a lua e encosta a luz ao céu. Devagar, sem pressa, também as noites são iguais aos dias. Jura a noite trazer o dia e o dia, descontente, mostra-se.

Não estão em harmonia. Querem paz. Rezingões, passam.

São compridos, os dias. Colam-se a nós e repetem-se. São água fria, voo de águia sem direcção, onda de areia batendo no chão. Iguais, repetidos aborrecidos…