PENSAMENTOS

terça-feira, outubro 10, 2006

A vida é um território alugado.


“A vida é um território alugado”, diz o Mia Couto. Alugamo-la mas não a desfrutamos. Por vezes estamos na vida à espera de que algo despolete a vontade de viver.
Somos um ser vivente à espera…à espera de uma vida para viver. O nosso território ainda não está disponível.
O que é a vida? Vivemos numa nave a que chamamos mundo, alimentamos diariamente uma coisa a que damos o nome de vida. Somos organizados: vamos às compras aos Sábados, ao cinema aos Domingos e trabalhámos à semana. Que organização efémera no meio do desconhecido que é a nossa existência. A rotina da vida não tem sentido quando não sabemos por que surgimos, o que sustenta a vida e o que regula a nossa morte. O que somos? Como pensamos? Que realidade paralela é essa a que chamamos pensamento? Como se coaduna com a nossa existência material?
Existimos de duas maneiras: primeiro mentalmente. Se não existisse inteligência seria impossível concebermos o homem como ser pensante. O humano não sentiria. Sentimentos como o amor, ódio, saudade seriam vagos e indecifráveis. Nós somos aquilo que criamos. Logo, se não pensássemos não teríamos capacidade de criar, não existiriam ideias, nem humanidade.
A nossa segunda forma de existência é a material. O ser físico que envergamos. Os ossos que estruturam-nos, o sangue que nos alimenta, os músculos que nos seguram, os órgãos como mecanismo, a carne como cobertura e a pela como protecção e o cérebro como habitáculo do pensamento. Mas será que ele vive mesmo lá? De onde somos comandados?

Quem sou?



Eu...buscando inspiração no Thames River.

Sou professora, ainda que um tanto desiludida com o sistema, não com a profissão. Gosto de ler e também de escrever. Tenho 23 anos e gosto de pensar, algo estranho à minha geração. A geração dos reality shows, como gosto de dizer!

http://www.artofthestate.co.uk/london_photos/Dali_universe_photos.htm

Nós as Mulheres


Hoje não sinto a dor da escrita.
A caneta erguida no punho não corre
os pensamentos deslizam sem consolidar ideias.
Olho o crepúsculo.
Fecho os olhos…
Inspiro o cheiro da lua…
Sabe a mar com aroma a areia e
uma pitada de vida selvagem.


Deixo fugir o perfume expirando com convicção.
Abro os olhos.
Vejo o lençol negro
esticado até ao extremo da eternidade.
Um oceano de estrelas brilha timidamente.
São companheiras de sonhos.
Albergam riquezas do mundo,
paixões da alma,
crenças do homem.
Vigiam os sonos de quem adormece só.
Controlam as fugas mais secretas
dos nossos sentimentos.
Camuflam-se atrás de serenas verdades.

Ah…! !
Mas como são vaidosas essas estrelas!
Gostam de embriagar luares,
maquilhar cadências,
vestir de gala todas as noites.
São cândidas!
São como as mulheres…
Tão amoroas…
Mas tão perigosas!
Amem-nas…
Temam-nas ainda mais!!

http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/