PENSAMENTOS

segunda-feira, agosto 22, 2011

Palavras inauditas

Nos vales salgados da tristeza jazem imortais os sonhos longínquos. Pessoas quebradas seguem as sombras que cobrem o horizonte.


Os filhos imberbes sem voz para o grito primeiro da vida, pesam os corações inchados de sangue derramado. Abraços por apertar, palavras por dizer, sorrisos nunca entregues.

Os ócios redutíveis da vida salgaram os montes por caminhar. Iludiram o sol da via, entregaram as cores da vida ao infinito nunca visto.


Almas inconsoláveis vagueiam nas horas nunca dadas, nos custos do tempo vencido.

Nunca nada! Nunca nada!

Os corpos desaparecem no fio da estrada, apenas as palavras embargadas são ouvidas no silêncio dos que ficam. Para sempre nada! Nada!

Nem voz, nem letras. Serão sempre inaudíveis as frases que lhe correm no peito, presas nas cordas orgulhosas no fundo da boca.

Nunca ditas. Nunca ouvidas. Nunca sentidas.

Para sempre um nada. Para sempre um vazio.

A força maior do universo, o sentimento supremo que nasce em todos os homens, morre inesquecível no desconhecimento do mundo. São dores ímpias, formas de vida obscuramente indolor.

Forças robustas impeditivas de amar, de se oferecer. Sentimentos cansados que em horas passadas chamam a loucura, presenteiam-se à solidão, ocultam a mente.

Dois dias de vida. Dois dias de morte. Dois dias em que o «eu» forte se dá à vida enfraquecida.

Ouço as vozes do meu silêncio e desejo sê-las. Desejo ouvi-las imparcialmente. Desejo pegar nelas e magicamente materializá-las, moldá-las. Tornar o meu, no seu mundo.

Desejo apenas ser no momento em que sou. Ouvir quando tenho que ouvir, falar o que diz a voz. Não quero ser aquilo que não sou por imaginar ser mais do que na realidade represento. Desejo existir da forma que sou, sem exigências absurdas ou consequências produzidas.