PENSAMENTOS

sábado, novembro 11, 2006

Enamorados

És difícil de abrir!
Tens coração em forma de quadrado.
Agitas-te que nem um leopardo.
És difícil de abrir!

Andas com o coração na mão,
com medo de o deixar cair.
Protege-o para não partir.

És difícil de abrir!
Atiras o coração ao ar
equilibras-te e voas na sua direcção,
não o deixes fugir.

És difícil de abrir!
Entregas-me o teu coração.
E então…?
Como o vou abrir?

Bate…!
Bate…!
Bate…!
Não abre…!
Não quebra…

És difícil de abrir.
Põe ao sol o coração.
Transpira.
Derrete.

Escorrega pela mão,
mas abrir, não!
Recompões-te!
Dás luz de volta ao coração.

És difícil de abrir!
Esfrego o teu coração numa tela
na esperança de abrires-te.
manchas tudo num vermelhão.
Desfazes-te, mas não te abres!

És difícil de abrir!
Pego em ti, coração,
em decisão,
mas não pela mão.

Entrego-te ao meu coração.

Como que sem querer,
sem nunca parecer,
encostaste ao meu para aqueceres-te.
Sem quebrares,
abres-te e
encaixas-te!

http://www.citi.pt/cultura/artes_plasticas/pintura/almada/corpo.html

Estas vozes que falam


São vozes que deambulam na minha mente. Movimentam-se penadas e sombrias. Arrepiam-me ao esvoaçarem. Estas vozes são gente. Arrastam-se na minha mente. São vozes de gente que amo. Chamam o meu nome. Dizem-no mas não o clamam. É um nome estranho, por ele mais não respondo. Esta gente conhece-me, têm vozes que afagam-me as lágrimas. É gente que dorme, mas não morre. Povo que vive comigo em mim. Rodam em torno desta vida. Estas vozes são da gente ímpia. São uma tosse que volta nas corridas de carrossel. Vejo-o em rotações petrificadas, giros mecânicos. Ecos de gargalhadas seculares enregeladas pelo tempo na eternidade do ar. Essas vozes são paz. São gente que partiu nas núvens da aurora. São gente que terminou o tempo da gente que temia o tempo que o tempo temia chegar. São vozes que cessam. Que cessáram. Que voltam. Que voltáram. São vozes de gente que não pára. Andam na minha mente. Atormentam-me. Recordam-me o que custa-me esquecer. Fazem-me temer o tempo que levarão a desaparecer.

http://www.dianakrall.com/