Enamorados

Tens coração em forma de quadrado.
Agitas-te que nem um leopardo.
És difícil de abrir!
Andas com o coração na mão,
com medo de o deixar cair.
Protege-o para não partir.
És difícil de abrir!
Atiras o coração ao ar
equilibras-te e voas na sua direcção,
não o deixes fugir.
És difícil de abrir!
Entregas-me o teu coração.
E então…?
Como o vou abrir?
Bate…!
Bate…!
Bate…!
Não abre…!
Não quebra…
És difícil de abrir.
Põe ao sol o coração.
Transpira.
Derrete.
Escorrega pela mão,
mas abrir, não!
Recompões-te!
Dás luz de volta ao coração.
És difícil de abrir!
Esfrego o teu coração numa tela
na esperança de abrires-te.
manchas tudo num vermelhão.
Desfazes-te, mas não te abres!
És difícil de abrir!
Pego em ti, coração,
em decisão,
mas não pela mão.
Entrego-te ao meu coração.
Como que sem querer,
sem nunca parecer,
encostaste ao meu para aqueceres-te.
Sem quebrares,
abres-te e
encaixas-te!
http://www.citi.pt/cultura/artes_plasticas/pintura/almada/corpo.html