PENSAMENTOS

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Nada




Nada, o dia em que o canto do pássaro deixou de se ouvir.


Nada, o dia em que o soprar do vento deixou de se sentir.

Nada, o dia em que a minha alma perdeu-se e silenciosa rendeu-se à minha angustia.


Nada, o dia em que as lágrimas formaram correnteza e deixaram de existir no meu olhar.




Nada, é o vazio que ocupa o lugar de toda a minha tristeza.


Nada... revoltaram-se as entranhas e ermético tornou-se o meu ser.


Nada, o corpo mole cede à loucura da mente, sou abandono, coisa estranha que já não se sente.




Nada, o dia em que o ruído do mar foi destruído pelo ruídoso silêncio da solidão.


Nada, o dia em que o sol brilhou e sorveu todo o resto do mundo.




Nada, sou eu neste sofrimento que me engilha, que parte-me em dois; o ser que sofre e o ser que sente.


Nada, é a soma de todas as contas que ocupam-me o dia.


Nada, é tudo o que meu pranto chora.


Nada, sou eu sofrida dentro de mim, sem poder soltar-me de cá de dentro, de onde doí, de onde Nada chega a alcançar coisa alguma.




NADA, é em jeito tudo o que digo AQUI!!




MUDANÇA


Doí em mim a fragilidade do ser que sou.
Sinto a ânsia de sentir o futuro que ainda não chegou.
Vejo o mundo que será, mas que custa-me ver que já o é.

Sofro com a angustia de ver partir de mim alguns pedaços do que sou.

Foge-me pelas mãos esses bocados que falta fazem.

Partem porém, para construir uma outra parte que sinto, relutantemente, já ser.

Os meus olhos deambulam para o que em redor de mim orbitra; esses, tristes, giram já conformados; os outros indagadores, recordam-me o destino que agora sempre atormentou o meu passado.

A nossa existência tem dois rumos, o que caminha no sentido dos ponteiros do relógio e nada em comum tem com o que gira para o lado oposto, que por ser oposto, nos empurra para o contrário da corrida.

Divago nas horas certas; e absoluta é a certeza que tenho, em todos os segundos, de que este não é o rumo certo...