Nada


Nada, o dia em que o canto do pássaro deixou de se ouvir.
Nada, o dia em que o soprar do vento deixou de se sentir.
Nada, o dia em que a minha alma perdeu-se e silenciosa rendeu-se à minha angustia.
Nada, o dia em que as lágrimas formaram correnteza e deixaram de existir no meu olhar.
Nada, é o vazio que ocupa o lugar de toda a minha tristeza.
Nada... revoltaram-se as entranhas e ermético tornou-se o meu ser.
Nada, o corpo mole cede à loucura da mente, sou abandono, coisa estranha que já não se sente.
Nada, o dia em que o ruído do mar foi destruído pelo ruídoso silêncio da solidão.
Nada, o dia em que o sol brilhou e sorveu todo o resto do mundo.
Nada, sou eu neste sofrimento que me engilha, que parte-me em dois; o ser que sofre e o ser que sente.
Nada, é a soma de todas as contas que ocupam-me o dia.
Nada, é tudo o que meu pranto chora.
Nada, sou eu sofrida dentro de mim, sem poder soltar-me de cá de dentro, de onde doí, de onde Nada chega a alcançar coisa alguma.
NADA, é em jeito tudo o que digo AQUI!!